30/03/2017

PRÉMIO NACIONAL DE REABILITAÇÃO URBANA

RECUPERAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DA SOCIEDADE CERÂMICA ANTIGA DE COIMBRA



https://www.idealista.pt/news/imobiliario/construcao/2017/03/30/33117-e-os-vencedores-do-premio-nacional-de-reabilitacao-urbana-sao

Localização Terreiro da Erva, Coimbra, Portugal
Dono de obra Sociedade Cerâmica Antiga de Coimbra, Lda. Eduardo Bebiano Correia 

Projecto de arquitectura Luisa Bebiano, Atelier do Corvo (Carlos Antunes, Desirée Pedro)
Colaboradores Ivo Lapa, Diogo Rodrigues, Mário Carvalhal, Pedro Canotilho, Rui Santos, Teresa Silvestre
Especialidades ECA, Projectos Lda.
Projecto de restauro Fernando Marques

Arqueologia Dryas
Construtor Civifran, Construções Lda.
Data de projecto: 2001, 2008, 2012, 2014

Data de obra 2014-2016 (Primeira fase)
Fotografias Inês D'Orey

O fabrico de faiança em Coimbra remonta ao século XVII.
Com a remodelação da Universidade de Coimbra, iniciada em 1773 pelo Marquês de Pombal, surge um vasto conjunto de unidades de produção que darão origem a um bairro de oleiros no centro da cidade.
Esta unidade fabril é o último testemunho desse conjunto mais extenso de unidades extintas e situa-se em território urbano e consolidado na Baixa da cidade de Coimbra.

Apoiados no estudo arqueológico, compreendemos que o edifício sofreu muitas alterações e sobreposições ao longo do tempo, passando de lagar de azeite a olaria (ainda no séc. XVIII, em 1793). 
Dando resposta ao programa de espaço museológico em simultâneo com a continuidade do fabrico de faiança (cerâmica artesanal) garantimos melhorias nas condições de habitabilidade, mantendo os mesmos processos construtivos artesanais.
Este edifício é totalmente construído com paredes de pedra exteriores auto portantes, estrutura, pavimentos e paredes em madeira de pinho nacional.
A não alteração da volumetria do edifício (tão perto da Rua da Sofia – integrante do Património Mundial da UNESCO) juntou-se opção de manter o máximo de elementos estruturais (removendo criteriosamente elementos sobrepostos), muitas vezes realocados, restaurando a maior parte do edificado e inserindo novos elementos quando necessário.

A tipologia dos fornos (séc. XVIII), corresponde às representações que integram os estudos de Char-les Lepierre. A câmara é de planta quadrada e a fornalha é de abóbada nervurada e perfurada, constituídos por elementos cerâmicos maciços e estruturalmente auto-portantes.
A abordagem de carácter conservativo e de restauro assentou numa filosofia da intervenção mínima, não intrusiva, com o objectivo final de musealização, permitindo a interpretação construtiva e funcional do conjunto, deixando-nos ler as marcas da laboração.

As soluções arquitectónicas encontradas sublinham a continuidade entre tempos, mas sem rupturas, havendo nesta atitude um consciente apagamento do gesto diferenciador, querendo marcar uma certeza na efemeridade do nosso tempo, tal como foi marcada (e assim valorizada) a efemeridade de quem construiu aquele lugar, tão agarrado de memórias e de vivências que agora nos parecem interporias.

 Fornos recuperados
  Fornos recuperados (parte superior)
  Escadas
Armazém
 Armazém
 Sala da Pintura
  Sala da Pintura
  Sala da Pintura
Olaria
 Olaria
Cafetaria
Entrada
 Alçado Sul, antes e depois da intervenção

Alçado Nascente, antes e depois da intervenção